A oficina de dança Tukano, ministrada pela artista indígena Dhuígo Tukano; e a oficina de língua Matses, ministrada pelo oficineiro Nakua Mayoruna iniciam nesta semana, no período de 8 a 12/04. As demais atividades seguem por todo o mês de abril
No mês dos Povos Indígenas, o projeto formativo “Aldeia Manaó” chega ao Centro Integrado Municipal de Ensino – CIME Draª Viviane Estrela Marques Rodella, situado na Zona Norte de Manaus, com a realização de oficinas, palestras e roda de conversa acerca dos saberes dos povos originários, como as danças, as línguas e a tradição indígena.
A oficina de dança Tukano, ministrada pela artista indígena Dhuígo Tukano; e a oficina de língua Matses, ministrada pelo oficineiro Nakua Mayoruna iniciam nesta semana, no período de 8 a 12/04, nos turnos matutino e vespertino. As demais atividades seguem por todo o mês de abril.
O projeto tem como proposta fomentar a integração entre crianças, adolescentes e professores sobre os saberes ancestrais, promovendo esse processo de introdução da educação indígena, junto com os colaboradores, como pesquisadores, ativistas, artistas e historiadores que fazem parte de oito povos, sendo eles: Sateré-Mawé, Marubo, Tukano, Tikuna, Matses, Desssana, Karãpana e Baré.
Novas formas de compreensão
Para o gestor do CEMI Dra. Viviane Estrela Marques Rodella, professor Anderson Gamaro, o projeto também é pautado na necessidade de desmistificar o que é contado ao longo da história e apresenta novas formas de compreensão da cultura indígena.
“Os saberes indígenas são as referências da nossa cultura, eles podem auxiliar às crianças na formação de novos sujeitos, com uma visão mais específica do que os nossos ancestrais vivenciaram desde a chegada dos colonizadores no território que vivemos. Eles certamente ampliaram a compreensão dos nossos educadores para que o trabalho com as crianças seja realizado com os fatos mais atuais, que muitas vezes não são contados pela história dos povos originários”, diz ele.
Idealizado pela multiartista e gestora cultural Francis Baiardi, com a proposta de Potira Baré, esse projeto é contemplado pelo edital Funarte Retomada 2023 – Dança. “Com o projeto quero gerar um impacto afim de trazer reflexões, debates e troca de conhecimentos que contribuam para uma sociedade mais consciente em relação aos povos originários, reverberando a voz dos sabedores e protagonistas de suas próprias histórias, bem como deste projeto, trazendo com as oficinas um ambiente de respeito e valorização a nossa cultura”, destaca a propositora.
Oficina de dança Tukano
Ao todo, o projeto conta com seis oficinas – cada uma delas com o total de 20h, duas palestras e uma mesa de conversa. Todas as atividades formativas serão realizadas por profissionais indígenas. A artista Dhuígo Tukano conta de que forma vai levar o conhecimento sobre a dança do seu povo para as salas de aula nessa primeira semana do projeto.
“Eu vou explicar o significado de cada instrumento, vou ter uma troca com eles sobre instrumentalização, e depois farei uma breve prática. Esse conhecimento
da dança são mais os homens Tukanos que fazem, a mulher indígena complementa a dança, e segue o rito com os nossos guerreiros. Então a minha oficina será um pouco teórica e um pouco prática, com a instrumentalização, o significado, em quais festas a gente usa, em quais festas a gente dança, etc.”, revela.
Para Francis, o projeto “Aldeia Manaó” é uma experiência transformadora. “Eu desejo que a gente possa lançar a semente, e que essa semente se multiplique dentro da escola, da sociedade, da cidade… E que a gente entenda que a língua Nheengatu, uma língua indígena, é tão importante quanto saber o idioma estrangeiro, o inglês, o espanhol. Que uma dança Tukano é tão quanto ou maior em significância quanto uma dança clássica”, destaca.
“Eu penso que a forma como os corpos amazônidas são construídos é diferente dos corpos do sudeste, a forma como nos movemos é peculiar, então porque não ter uma dança Tukano dentro das universidades? Sendo ensinada nas instituições, sendo ensinada nos cursos de formação… Então esse é um projeto feito também para nós refletirmos sobre esse lugar enquanto pesquisadores, professores e educadores de dança, de arte”, complementa.
AGENDA DE ATIVIDADES
Semana de 8 a 12 de abril
1. Oficina de dança Tukano
Oficineira: Dhuígo Tukano
Dias: Segunda, quarta e sexta-feira
Turnos: Matutino e vespertino
2. Oficina de língua Matses
Oficineiro: Nakua Mayoruna
Dias: Terça, quinta e sexta
Turnos: Matutino e vespertino
Semana de 15 a 19 de abril
3. Oficina de Grafismo Indígena
Oficineira: Mepaeruna Tikuna
4.Oficina Língua Nheegatu
Oficineiro: Kay Vau Massamé, do povo Karapãna
Semana de 21 a 26 de abril
5. Moda indígena
Oficineira: Waikiru
6. Produção indígena
Oficineira: Rosana Baré
PALESTRAS
Tema: A importância da oralidade para os povos indígenas
Palestrante: Cacica Milena Kukama
Dia: 29/04
Turno: Matutino
Tema: Conhecimento ancestral
Palestrante: Thaís Dessana
Dia: 29/04
Turno: Vespertino
MESA DE CONVERSA
Tema: O protagonismo da mulher indígena
Dia: 30/04
Mediação: Francis Baiardi
Convidadas: Kian Sateré, Thais Dessa e Mel Mura
ASSESSORIA DE IMPRENSA: GABRIELLY GENTIL