Espetáculo do Ateliê 23 fica em cartaz nos dias 27, 28 e 29 deste mês, no Teatro Gebes Medeiros
Neste mês, o “Cabaré Chinelo” chega a 50ª apresentação, para contar a história de Mulata, Balbina, Antonieta, Soulanger, Felícia, Laura, Joana, Luiza, Enedina, Sarah, Maria e Gaivota, mulheres que foram vítimas de um grande esquema de tráfico internacional e sexual no início do século XX, na capital do Amazonas. O espetáculo do Ateliê 23 fica em cartaz nos dias 27, 28 e 29 de setembro, às 20h, no Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro). A classificação é 18 anos.
A venda de ingressos antecipados inicia nesta quarta-feira (13/09), no Instagram (@atelie23). O bilhete custa R$ 25 (meia-entrada). O ator Eric Lima, que vive o Diabo na peça e divide a direção da companhia com Taciano Soares, informa que, em dias de apresentações, também tem ingressos disponíveis na bilheteria do espaço cultural uma hora antes do início do espetáculo, vendidos por ordem de chegada.
“É importante ter atenção ao horário da peça, porque a tolerância de entrada é de até dez minutos. O espetáculo começa pontualmente e, após isso, infelizmente não entra mais, porque atrapalha muito a fruição da obra para as pessoas que conseguiram chegar no horário”, explica o artista. “Outro ponto que reforçamos é referente às cenas simbólicas de violência física e sexual contra mulher”.
Personagens reais – A atriz Bruna Pollari entrou no elenco do “Cabaré Chinelo” na segunda temporada do espetáculo, em janeiro deste ano, para interpretar Maria Não Vou Nisso. Ela destaca que as personagens representam, cada uma, faces do que foi a vivência das mulheres prostituídas na época, em Manaus.
“A Maria faz parte da população nordestina que migrou para o Amazonas por conta da seca no Ceará e enquanto mulher migrante e pobre, sua única alternativa para a sobrevivência foi a prostituição. As matérias dos jornais da época, coletadas pelo historiador Narciso Freitas, evidenciam a questionadora e corajosa que ela foi, por mais que ela não tivesse proteção alguma pelo Estado, muito pelo contrário”, apresenta a artista. “E as faces que Maria retrata são referentes aos abortos sofridos e à extrema repressão que sofriam, a qual aparece em todas as 12 mulheres do espetáculo”.
Bruna conta que, para composição de Maria, além de estudar a pesquisa de Narciso Freitas, com matérias de jornais, leu artigos como “Pobreza e Prostituição na Belle Époque Manauara”, do professor Paulo Malheiros, e o livro “A Ilusão do Fausto – 1890-1920”, da historiadora Edinea Mascarenhas Dias.
“Apesar do livro não se debruçar sobre o esquema de tráfico de mulheres e mesmo sobre a prostituição neste período, fala bem sobre a transformação da capital para atender aos desejos do mercado internacional e elitizar o centro, direcionando as pessoas pobres e não brancas para as periferias e soterrando igarapés”, comenta a atriz. “Quando penso em Maria, tento pensar na força que as pessoas excluídas da globalização e do capitalismo possuem, principalmente mulheres”.
O elenco traz ainda Vivian Oliveira, Sarah Margarido, Andira Angeli, Julia Kahane, Thayná Liartes, Fernanda Seixas, Daphne Pompeu, Daniely Peinado, Vanja Poty, Ana Oliveira, Allícia Castro, Taciano Soares e Eric Lima, além dos músicos Yago Reis, Guilherme Bonates e Stivisson Menezes.
O projeto, em parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fondo de Ayudas para las Artes Escénicas Iberoamericanas – IBERESCENA.
FOTOS: Rudá Marques