Ceias de fim de ano – Reaproveitar alimentos é uma prática sustentável e econômica
As festas de fim de ano são um convite ao exagero na cozinha, e as sobras – o popular “RO” (resto de ontem) – tornam-se protagonistas nos dias seguintes. Reaproveitar alimentos é uma prática sustentável e econômica, mas é fundamental garantir que essas comidas sejam ingeridas com segurança para evitar problemas de saúde, como as Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA). Os cuidados envolvem desde o correto armazenamento até a maneira adequada para esquentar o alimento.
“Muita gente só quer tirar a comida da geladeira e servir o alimento em um prato, às vezes até gelado, ou esquentado no microondas. Isso não é adequado. Todos os alimentos que vão ser reutilizados precisam ser armazenados corretamente e depois aquecidos de diferentes maneiras, a depender da situação”, explica Fernando Paiva, professor do curso de nutrição e dietética do Centro de Ensino Técnico (Centec), que ensina essas práticas aos alunos em formação.
Segundo o Ministério da Saúde, 2023 registrou 19.671 casos de doenças transmitidas por alimentos (DTA), o maior número da série histórica iniciada em 2014. Essas doenças são causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Dentre os mais de 250 tipos, estão a febre tifoide, cólera e toxoplasmose. Cada enfermidade pode ter sintomas específicos, mas os sinais comuns são náusea, vômito, dor abdominal, diarreia, falta de apetite e febre.
Armazenamento correto
O nutricionista Fernando Paiva destaca que o armazenamento correto é uma das medidas mais importantes para garantir que o alimento continue preservado. “Os alimentos já cozidos, como arroz, farofas, macarrão e feijão, devem ser consumidos em até pouco mais de uma hora após estarem prontos. Depois disso, o ideal é fazer o armazenamento, ainda que você ou outro convidado vá fazer uma refeição depois”, diz.
Segundo ele, é importante armazenar os alimentos em recipientes separados, limpos e bem fechados, e levá-los à geladeira, para evitar a proliferação de bactérias em temperatura ambiente. “Além disso, é interessante identificar os recipientes com etiquetas, especialmente aqueles em vasilhas não transparentes, para saber facilmente qual é o alimento sem precisar abrir várias vezes a tampa”, destaca.
Também é preciso ter atenção às temperaturas na hora da armazenagem. Em relação ao refrigerador, os peixes devem ficar entre 2 a 3 ºC. Já as carnes bovinas, suínas e de frango, entre 4 a 7 ºC. Outros alimentos podem variar entre 4 a 10ºC, dependendo da orientação do fabricante. No congelador, todos devem ficar entre -12 ºC ou menos.
Reaquecimento seguro
Se o armazenamento é o primeiro passo para evitar problemas, o reaquecimento correto é fundamental para garantir que as sobras estejam seguras para consumo. E os cuidados já começam antes de levar ao forno, explica o nutricionista. “Separe para esquentar apenas a porção que você vai comer. Não aqueça o alimento mais de uma vez, porque isso pode aumentar o risco de contaminação”.
De modo geral, o ideal é levar os alimentos a uma temperatura de 75 ºC, o que ajuda a eliminar possíveis microrganismos em desenvolvimento, mas essa indicação pode variar a depender da refeição. Sopas, molhos e outros líquidos devem ser levados ao fogo para ferver, para garantir um aquecimento uniforme e seguro.
“Já as carnes, como o frango e o peru, devem ser aquecidas entre 80 e 100ºC no fogão ou em 150 º C no forno. Pode deixar entre 10 a 15 minutos, sempre atento para não passar do ponto”, indica Fernando Paiva.
Outro erro comum, segundo o nutricionista, é retirar o alimento diretamente do congelador para o micro-ondas ou fogão. “O descongelamento deve ser feito na geladeira, de forma gradual, para evitar que o exterior aqueça antes do interior. Isso pode permitir que microrganismos sobrevivam”, alerta.
Sustentabilidade e responsabilidade
O reaproveitamento das sobras não é apenas uma questão econômica, mas também ambiental. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente no mundo, e as festas de fim de ano frequentemente contribuem para esse cenário.
Adotar práticas seguras no manejo dos alimentos é também um gesto de conscientização. “A combinação de cuidado com a saúde e responsabilidade ambiental começa na cozinha. Planejar as refeições, armazenar corretamente e reaproveitar com segurança são formas de tornar as celebrações ainda mais significativas”, destaca Paiva.
Com as festas de fim de ano se aproximando, especialistas recomendam que famílias aproveitem o momento para renovar seus hábitos, unindo o prazer das refeições compartilhadas à segurança alimentar e à sustentabilidade.
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Assessoria de Imprensa: Repercussão Comunicação e Marketing