Em 2023, o clube de comercialização por assinatura de pirarucu de manejo sustentável do Amazonas, o Piraruclub, alcançou a marca de R$ 158 mil em faturamento. A iniciativa, criada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com as comunidades da Reserva Sustentável de Mamirauá, realizou a venda de 4,4 toneladas do pescado, beneficiando 110 famílias manejadoras do estado.
O projeto nasceu em dezembro de 2022 com o objetivo de fomentar a cadeia produtiva do pirarucu. Para isso, executa ações que vão desde o investimento na infraestrutura produtiva, gestão da produção, capacitação e gestão de negócios para os manejadores, até a agregação de valor no mercado e comercialização do pirarucu.
Segundo o gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Amazônia da FAS, Wildney Mourão, o primeiro ano do projeto inovador superou as expectativas.
“O projeto teve uma ótima recepção de um nicho de mercado que exige um produto de alta qualidade e acredito que conseguimos atender as expectativas. Nossa estratégia foi balizada na construção de um relacionamento transparente junto aos clientes, buscando agregar valor ao pirarucu, gerar renda para as comunidades e promover maior credibilidade para os produtos da bioeconomia da Amazônia”, avalia.
Para Wildney, as ações estratégicas não só incentivam a cadeia produtiva, mas também contribuem para a conservação da floresta e melhoria da qualidade de vida. “Isso incentiva o modelo socioambiental e o impacto econômico, agregando valor, gerando renda e contribuindo para a conservação do bioma e a qualidade de vida das pessoas, além de fomentar o empreendedorismo e a inovação dos negócios comunitários”, completa.
Uma das associadas do Piraruclub desde o início do projeto é a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional Amazonas (Abrasel Amazonas). Segundo o presidente da associação e proprietário do restaurante Mercato Brazil, Rodrigo Zamperlini, a inovação do modelo vai além da questão comercial.
“Nesta iniciativa, temos a certeza da procedência do pirarucu de manejo sustentavel aliado ao fomento da renda das pessoas que habitam na área de manejo, o que contribui para conservação ambiental, já que o pescado vem de fonte sustentável e contribui de maneira decisiva na renda das famílias, evitando que elas desmatem, pratiquem pesca ilegal ou outra atividade que agrida o meio ambiente”, afirma Zamperlini.
A origem sustentável do pescado que é comercializado via Piraruclub também é um atrativo para os consumidores que estão cada vez mais conscientes sobre os impactos de seus hábitos de consumo têm sobre o planeta. “Além de ter à disposição um peixe de ótima qualidade, o cliente também está contribuindo para esse ciclo de sustentabilidade do consumo do pirarucu e do desenvolvimento social das comunidades envolvidas na atividade”, resume.
Como funciona
O Piraruclub funciona por meio de três tipos de assinaturas anuais: cota sustentável, cota pirarucu e cota premium. O estabelecimento recebe combos de pirarucu elaborados sob medida, com cortes especiais e de forma mensal, de acordo com a cota escolhida. As assinaturas são direcionadas aos restaurantes, hotéis e empórios da capital amazonense.
O projeto funciona em parceria com a Associação dos Moradores e Usuários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, Bradesco, Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, para a melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia e valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Em 2023, a instituição completa 15 anos de atuação com números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 40% no desmatamento em áreas atendidas entre 2008 e 2021.
Créditos: Dirce Quintino