REVOLUÇÃO COM OUTRAS ARMAS

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                                                                                                                                                                                    (Luiz Lauschner)
Ao estudarmos história vemos que o mundo sempre está em transformação. A ânsia por conquistas, pelo poder e pelo domínio sempre foram fonte de inspiração para os grandes vultos da história. Contudo, há mudanças que acontecem sem o uso de armas de guerra. Na história recente temos duas grandes revoluções que aconteceram em dois campos distintos embora umbilicalmente conectados: A Revolução Francesa e a Revolução das Letras.
Embora a maioria dos tecnocratas não dê nenhum valor ao surgimento da Escola Romântica, foi ela que introduziu a possibilidade de sonhar com o ideal. Todas as grandes mudanças acontecem na mente antes de se materializar. Ao substituir o real pelo ideal, o romantismo tirou o véu pesado e permitiu as mentes de viajar no campo do ideal sem necessariamente dizer se era possível ou não. A substituição da máquina pelo homem no trabalho diário também foi uma revolução mental que modificou o material, a q mesma que norteou a Revolução Francesa. A partir daí, o mundo nunca mais seria o mesmo.
Os dois séculos seguintes ainda estavam presos à mecanização sem os recursos eletrônicos surgidos a partir da segunda metade do século XX. A eletrônica representa outro salto na modernização da humanidade e da comunicação entre os homens. O maior entrave à liberdade de ideias sempre foi política. O Brasil experimentou o controle do estado sobre o pensamento durante o período militar, mas nada comparável ao engessamento de quase um século pelo qual passou a Rússia e a antiga União Soviética. O cancro do comunismo hoje está restrito a Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Nicarágua, Rússia e outros menos expressivos. Os países, progressistas de fato, têm democracia. No Brasil as siglas do partido são negociáveis desde que favoreçam seus líderes.
Contudo, se o comunismo matou mais pessoas – muito mais – que a própria segunda guerra, hoje se vê que até mesmo o cerceamento do pensamento está caindo nos países da cortina de ferro. O avanço tecnológico é tão grande que a comunicação digital está rompendo barreiras e brevemente todos poderão estar informados do que acontece no mundo. As pessoas simplesmente não precisam mais de algum “órgão oficial” filtrando as notícias internas e externas. Apesar disso, o retorno à democracia também exige treinamento e adaptação.
A verdadeira democracia está acontecendo à revelia dos governos e dos partidos políticos. Está acontecendo por causa da inclusão digital. Esta derruba tabus e pinta em cores diferentes o que até agora apenas recebia as tintas dos manipuladores. Por sua própria natureza – a de trazer informações variadas e às vezes contraditórias – a Internet não pode deixar de ser democrática, portanto difícil de ser transformada numa ferramenta de manipulação.
Estamos vivendo uma época que será estudda nos séculos vindouros. Apenas os mais velhos conseguem vislumbrar o enorme salto nas comunicações. Do telefone cuja linha custava mais de um mil dólares início da década de 90 para telefones fixos. Telefone, cuja etnia da palavra é falar à distância, é menos usado para falar e mais para escrever.
A modernidade não nos permite mais ficar preso a velhas fórmulas e ideologias exclusivistas. A tecnologia, mais que a política, irá ajudar a promover também a democracia econômica a exemplo do sistema ISO que deu um novo rumo às relações trabalhistas, tornando obsoletas leis de cunho ideológico. Todos sentem na cabeça as alterações tecnológicas, mas poucos se dão conta da enormidade delas.