Thaysa Lippy critica ausência e despreparo de mediadores escolares para autistas na rede pública

Manaus Política
Segundo a parlamentar, há relatos de jovens levados para delegacias após escolas considerarem transtorno algo “agressivo”

A vereadora Thaysa Lippy (PP) denunciou, durante pronunciamento no plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM), nesta terça-feira (27/02), a ausência e despreparo dos mediadores escolares na rede pública de ensino. Segundo a parlamentar, o problema estaria fazendo com que crianças e jovens autistas fossem levados às delegacias de menores infratores.

“Essa situação é gravíssima”, frisou a parlamentar, que segundo ela, recebeu depoimentos de mães que tiveram que buscar seus filhos em delegacias, porque a rede de ensino considera a deficiência desses alunos como agressiva.

“Eu clamo pelo bom senso dos senhores, porque o despreparo do Poder Público já está literalmente virando caso de polícia e os nossos menores não podem sofrer com isso. Como um estudante do ensino médio vai ser mediador de uma criança autista? Isso é sério, isso é grave. Isso tem que ser denunciado pro Ministério Público”, afirmou Thaysa.

Mediadores – Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), existem 1.500 mediadores no sistema de ensino. Essa função, no entanto, segundo Thaysa Lippy, estaria sendo ocupada por estagiários que podem assumir o cargo a partir do 4º período do ensino superior.

A parlamentar também afirmou que vem recebendo denúncias de mães de crianças autistas com dificuldades em obter avaliação multiprofissional pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) para obtenção de mediadores em sala de aula.

Portaria – De acordo com a vereadora, a Semed publicou no ano passado a Portaria nº 2536/2023-SEMED/GS, que institui, no âmbito da Secretaria Municipal de Educação, a Avaliação Multiprofissional como único instrumento para encaminhamento do profissional de apoio escolar.

Com isso, os pais relatam estar aguardando o agendamento, porém sem qualquer retorno no início do ano letivo, prejudicando os discentes.

“A intenção desta portaria era afastar sutilmente as crianças com espectro autista das salas de aula? Pois infelizmente esse é o único objetivo que a normativa conseguiu cumprir”, concluiu Thaysa.

Foto: Emerson França – Dicom/CMM